Maria Madalena Canalizada por Pamela Kribbe - Set/2012
Queridos amigos, sou sua irmã Maria Madalena. Estou ao lado
de vocês como uma amiga muito íntima; não acima de vocês, mas como uma pessoa
que vocês conhecem no interior de si mesmos. Sintam por um instante nossa
conexão profunda – somos um, somos parte da mesma família.
Eu também trilhei o caminho do ser humano na Terra, conheci
e explorei suas profundezas e fui tocada por uma Luz vívida e brilhante que me
inspirou e tomou conta de mim, fazendo-me lembrar, sonhar e ansiar por um mundo
mais bonito e melhor na Terra. Conheci os dois extremos; tanto a Luz quanto a
escuridão. Esses extremos são polos que devem estar juntos; poderíamos dizer
que são a força motriz um do outro. A vida parece ser feita de opostos: Luz e
escuridão. Os sentimentos que eles provocam parecem ser opostos, entretanto
existe uma ligação oculta entre eles: um não pode funcionar sem o outro. A
experiência da Luz só é possível quando se vivencia a ausência dela e através
do contraste com seu oposto, a escuridão.
A Luz nunca é tão visível quanto, quando surge da escuridão.
Pensem nos primeiros raios do Sol ao raiar do dia; a luz quente da manhã que
banha o mundo. E como essa luz pode tocá-los profundamente, especialmente se
estiverem emergindo de uma noite fria e escura. Contraste cria dinâmica – vida,
movimento, crescimento, mudança – então a escuridão tem uma função em nossa
vida. Entretanto, os seres humanos geralmente vivenciam a escuridão como a
antítese da Luz; não como uma motivação para mudança e crescimento, mas como
uma armadilha ou poço onde são capturados e de onde não conseguem mais sair.
Desse poço profundo parece que vocês perderam contato com a Luz, como se ela
tivesse sido cortada de vocês.
Cada um de vocês conhece esse estado mental de ser cortado
da Luz, de ser privado do senso de significado e propósito da vida. Isto, na
realidade, é estar morto. A única maneira possível de morrer não é a morte
física, mas a cessação de qualquer movimento em seu coração, seus sentimentos e
sua mente. Na realidade, a morte não existe; sua alma é eterna e continua
vivendo. Tudo que é mortal em você é apenas forma; sua essência é eterna e não
pode morrer. Entretanto, você pode perdê-la de vista temporariamente, a tal
ponto que se torna rígido internamente e para de se mover. Você está morto por dentro
e sente-se profundamente deprimido. Este é um estado extremamente doloroso!
Acompanhe-me por um momento. Desça comigo para esse estado
deprimido e investigue-o com a mente aberta. O que acontece quando alguém perde
toda esperança, se recolhe e se sente impotente diante de todos os sentimentos
que brotam de dentro de si? Geralmente essa reação é provocada por
acontecimentos externos que são perturbadores; acontecimentos que a pessoa não
consegue localizar em seu quadro de referência, e que faz com que tudo na vida
dela se torne incerto. Pode ser algo grande, como a morte de um ente querido,
uma doença, a perda do emprego, o fim de um relacionamento… Estes são
acontecimentos que afetam profundamente a pessoa e podem levá-la à beira do
abismo.
Entretanto, às vezes a escuridão pode se revelar a partir do
seu próprio interior sem uma causa externa clara. Cargas emocionais antigas,
que foram gravadas na memória da sua alma, vêm à superfície; experiências
dolorosas, possivelmente originadas em vidas anteriores, brotam das profundezas
do seu ser e você tem que lidar com sentimentos sombrios, medos e dúvidas.
Experiências intensas de carência, solidão e fracasso podem entrar na sua
psique sem razão e podem fazer você perder o equilíbrio tanto quanto qualquer evento
externo que lhe aconteça.
Quando se é pego numa depressão, na Noite Escura da Alma,
ela sempre vem com a experiência de ter sido tragado e ser incapaz de lidar com
todas as emoções que se apresentam. O fluxo de emoções pesadas e dolorosas é
vivenciado como algo grande demais para se suportar. Você é dominado por elas…
ou assim lhe parece… e se fecha com uma profunda sensação de impotência. No
momento em que volta as costas às emoções e se recusa a encará-las, você fica
paralisado. Essas emoções desejam fluir; é essencial que as emoções continuem
seguindo adiante como uma grande onda que arrebenta e corre em direção à praia.
Mas você fica com medo de permitir isso, então se recusa a acompanhar esse
movimento e foge dessas emoções que o inundam. Você constrói uma barragem e
diz: “Não consigo lidar com isso. Eu não quero isso. Quero dar um fim nisso.”
Sua reação, geralmente resultado de absoluta impotência, cria depressão, que é
um estado de dormência e de estar fechado para a vida. Com o tempo, essa situação
se torna insustentável e você não quer mais viver.
Do ponto de vista terreno, você quer morrer porque a vida
está intolerável. Mas, do ponto de vista da alma, você está morto e esta é uma
experiência tão insuportável, que você quer fazer tudo o que pode para por um
fim a essa situação. O desejo de morrer é essencialmente um desejo de mudar, um
desejo de voltar a viver. As pessoas que desejam cometer suicídio têm um
profundo desejo de vida, não de morte. É justamente este sentimento de estar
morto por dentro que as conduz ao desespero extremo. Sua ânsia de viver é que as leva a dar um fim
às suas vidas físicas.
Quando você vivencia uma depressão, há em você uma
combinação de profunda resistência e extrema vulnerabilidade. A depressão é uma
forma de se defender contra o enorme poder das emoções que ameaçam tragá-lo.
Você pensa que elas o destruirão e, assim, em sua impotência, constrói uma
concha ao seu redor, envolve-se num casulo que o impeça de sentir qualquer
coisa. Você não quer mais permanecer aqui. Assim como a avestruz que enterra
sua cabeça na areia, você está se sufocando na areia, no entanto essa lhe
parece a única saída. E, depois de certo tempo, você não é mais capaz de tirar
sua cabeça da areia da depressão. Você se fechou tanto para a vida e para
quaisquer sentimentos, que não é mais capaz de reverter a situação e efetuar a
mudança; a oportunidade de dizer “sim” às emoções parece encontrar-se além da
sua capacidade. A depressão atingiu o clímax.
Por um lado, você não consegue aceitar suas emoções de medo,
desespero, tristeza e solidão, nem compartilhá-las com outras pessoas. Por
outro lado, sabe e sente que é agonizantemente doloroso viver sem emoções; que
isto é uma forma de morte, a negação total da sua essência viva. Passado um
tempo, você deseja voltar a sentir. A dor de não sentir é maior do que a de
sentir suas emoções. Esta é a sua salvação e este é o ponto de virada. A recusa
para sentir e o pensamento “não, eu não posso, eu não quero isto, quero estar
morto, quero desaparecer…” tornam-no tão oco, tão vazio por dentro, que você
não consegue mais sustentar essa situação. Do ponto de vista da alma, o que
acontece então é que a vida começa a ficar mais forte; ela não pode ser
refreada indefinidamente. Quando a força vital é reprimida intensamente durante
muito tempo, ela cria uma força oposta que acaba irrompendo. A força da onda
gigante que quer correr para a praia não pode ser retida para sempre. Num certo
momento, emerge um “sim” do seu interior, mesmo que você não o perceba conscientemente.
Nada é estático na vida; a ânsia pela vida é impossível de ser detida. Quando o
clímax foi atingido, você cria acontecimentos na sua vida que provocam mudança;
isto cria um rompimento na barragem.
Às vezes isto ocorre sob a forma de uma tentativa de
suicídio. Se falhar, poderá ocorrer uma espiral ascendente, porque seu
sofrimento se torna muito visível para o mundo exterior. Quando descobre o
quanto os outros se preocupam consigo, você pode abrir-se para mais Luz e para
receber compreensão e simpatia. Entretanto, também pode acontecer que você não
se abra e permaneça deprimido. Não existe uma receita pronta de como pode
acontecer tal rompimento. No entanto, a vida tem uma força propulsora e
impulsora que não permite que alguém se mantenha indefinidamente num estado
estático de consciência.
Mesmo que sua vida terrena realmente termine em suicídio,
você imediatamente terá que se defrontar com novas escolhas do outro lado,
porque ainda terá que experimentar seus sentimentos lá. A tristeza que existia
enquanto estava vivo, com seus sentimentos de dor e ansiedade, agora tem a
capacidade de se apresentar ainda mais agudamente, de um modo menos velado. Às
vezes o plano astral, para onde você vai depois da morte, o confronta
diretamente com as emoções que você reprimiu e, deste modo, elas começam a
fluir novamente. Por exemplo, uma pessoa pode sentir-se desesperada e
horrorizada quando morre e descobre que a vida realmente não terminou. Ou vê as
emoções da sua família na Terra, seu sofrimento e tristeza, e fica muito
afetada por isso. O fato de ela ser tão tocada pode gerar um novo movimento na
alma que acabou de desencarnar. Isto pode levar a um avanço, fazendo com que
essa alma se abra para a ajuda dos guias que estão sempre ao seu lado, tanto na
Terra quanto no Céu. A ajuda está sempre disponível, desde que se esteja aberto
para isso.
Não importa para que lado você se vire, a vida é mais
poderosa do que qualquer desejo de morte. A vida sempre reassume seu direito de
ser; você não pode matá-la. Portanto, sempre existe uma esperança. Fique com
isto para si mesmo, mas também para outros que você vê sofrer. As coisas podem
parecer tão desprovidas de esperança às vezes, mas sempre existe uma outra
perspectiva, embora sua mente não consiga imaginar como pode ser isso e nem
como a mudança ocorrerá. A vida é sempre mais forte que a morte, a Luz é mais
forte do que a escuridão. A água pode romper uma barragem, porque tem o poder
de se movimentar: ela empurra, ela está viva! O poder da água é mais forte do
que a força de resistência que deseja represá-la.
Sinta a força impulsionadora da vida no seu interior por um
instante. Às vezes você tem algumas partes bloqueadas, padrões que se repetem
infinitamente, como dúvidas a respeito de si mesmo, sentimentos de inferioridade,
incerteza, desconfiança, raiva, resistência… Agora imagine que esses bloqueios
simplesmente estão aí, e que a vida continua a fluir ao redor deles, ao mesmo
tempo. A água continua a correr e, embora ainda existam pedras no riacho que
parece tão fixo e sem movimento, elas vão sendo desgastadas pelo movimento e
pressão da água que passa por elas. Leva tempo, mas não se esqueça de quem você
é: você é a água que vive! Quanto mais se lembrar disto, mais você pode
resgatar a energia dessas pedras e pedregulhos que estão no riacho. Há dores do
passado que continuam ali. Você não precisa subestimá-los nem torná-los
irrelevantes, mas também não precisa carregá-los para fora do rio. Só precisa
lembrar-se que você é a água!
Algumas vezes isto pode ser difícil porque, em parte, você
acabou se identificando com as pedras que bloqueiam sua energia: “Sou uma
pessoa que não está bem ancorada na Terra; tenho dificuldade para me sentir à
vontade aqui; trago tristezas e traumas do passado…” Tudo isto é verdade, mas
imagine, por um instante, que essas ideias são como pedras e pedregulhos dentro
de um rio grande e largo – uma enorme correnteza de água. Porque é isto que
você é; esta é a sua força vital verdadeira. É a sua alma que flui e flui,
sempre ao longo do caminho – viva, borbulhante, correndo e rugindo, explorando
e descobrindo. Esse fluxo não faz nenhum tipo de julgamento sobre as pedras que
encontra; ele as engole. Você tem escolha!
É claro que de vez em quando você fica preso com sua
consciência nesses bloqueios, quando começa a se identificar com eles durante
muito tempo. Mas pode se desligar deles simplesmente experimentando ser como a
água corrente. Lembre-se que você é uma alma-consciência viva, sempre se
movendo e fluindo, e que não está presa a esses bloqueios… você é livre! Quanto
mais você afasta sua consciência desses bloqueios – das pedras que se encontram
aí – mais facilmente eles se rendem ao fluxo. Eles se rendem mais cedo porque
você se desapega deles e se identifica com a água corrente. A água é a sua
alma, e não pode ser detida. Sinta-a fluindo, movendo-se e cintilando. Imagine
que ela o está lavando, e sinta a força borbulhante, a Luz que brilha nela.
Sinta como, no fundo da sua alma, ela não é ameaçada pela escuridão que você
vivencia; por aquelas pedras que parecem tão sólidas e inflexíveis. Sua alma
não é perturbada de maneira nenhuma pelo que se encontra ali, porque sabe que
as pedras pertencem a esse lugar; elas fazem parte da paisagem da vida. Quando
estiver preso numa dessas “pedras”, tente ouvir a água passando. Lembre-se da
água e da tranquilidade com que ela flui.
Você não tem que fazer tudo sozinho. A vida lhe proporciona
infinitas oportunidades e possibilidades. Às vezes ela pode levá-lo a vales
profundos e escuros, mas ela também o impulsiona de volta para cima, para a
Luz. Mesmo quando você tem a sensação de que não é mais capaz de lutar, e não
consegue ver como as coisas poderiam se resolver satisfatoriamente, a vida
ainda o impulsiona. A arte de viver é preservar a confiança, mesmo quando
parece não restar nada em que se possa confiar, e tudo que era certo para você
desapareceu da sua vida.
Neste momento na Terra, muitas pessoas estão envolvidas no
processo de lidar com a antiga escuridão; partes da alma estão vindo à Luz agora
e desejam ser vistas. E por que está acontecendo isto? Porque o ser humano está
dando um salto à frente. É realmente um salto na evolução da consciência da
humanidade. Este salto não pode ser dado sem que você entre em contato com os
lugares mais sombrios da sua consciência, aqueles que estão cheios de medo,
falta de confiança ou de uma profunda tristeza em relação a tudo o que você
vivenciou na Terra. Não tenha medo dessa escuridão – acolha-a! Quando você diz
“sim” para a escuridão, ela começa a se liberar e fluir, e essa é a arte de
viver esta vida. E quando você sentir “eu realmente não consigo dizer sim para
isto”, lembre-se que existe alguma coisa em você que ainda diz “sim”. É isto
que vai salvá-lo e levá-lo adiante – confie na vida.
Eu amo todos vocês; vocês me são muito queridos. Talvez
pensem “Como pode ser isso? Você não pode conhecer a todos nós pessoalmente”.
Mas vocês, como seres humanos, não sabem o quanto a rede de almas é abrangente.
Quando se conectam com outra pessoa a partir da alma, estabelece-se uma conexão
permanente. Uma ligação assim forjada não se separa com o passar do tempo,
porque na nossa dimensão não existe tempo. Existe uma rede viva conectando-nos
como almas. Nós compartilhamos uma determinada história, um determinado desejo,
uma chama que um dia foi acesa em nossas consciências. Com essa chama a Terra
está gradualmente se iluminando. A consciência despertada em todas as pessoas
nos une e cria uma nova fundação, sobre a qual o salto em consciência realmente
ocorrerá. Vocês não precisam refletir sobre isto. Que cada um se mantenha em
seu próprio processo, no seu próprio caminho – isto é suficiente. Sintam o
poderoso impulso da vida, não apenas em si mesmos, mas em muitos outros,
através dos quais a onda de consciência está inundando a Terra.
Tradução de Vera
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