Maria Madalena Canalizada por Pamela Kribbe / 2012
Queridos amigos, eu sou Maria Madalena. Vocês me conhecem;
minha imagem e meu rosto tornaram-se parte da sua história, e foram distorcidos
e desfigurados. Mas vocês conhecem a minha origem, porque vivemos da mesma
fonte – o espaço no interior do coração, o Lar da alma. Vocês foram movidos
pelo mesmo desejo que tomou conta de mim durante minha vida na Terra; um anseio
pela verdade, pelo que é real, pela essência. O desejo de viver a partir da
alma, da inspiração, da sua essência – isto é o que importa para cada um de
vocês.
Viver dessa maneira pode machucar, pode levá-lo às suas
partes mais sombrias, porque viver a partir do seu âmago significa que tudo
deve ser visto. A Luz precisa brilhar em tudo, para que você possa tornar-se um
ser completo em si mesmo. Muitas pessoas estão envolvidas numa luta consigo
mesmas, e isto é triste de se observar. As pessoas geralmente vivem de imagens,
figuras e conjuntos de regras a respeito de como tornar-se um ser humano bem
sucedido, reconhecido e respeitado pelo mundo. Então, sem que perceba, você é
levado pelas opiniões e exigências predominantes na sociedade; sente que
precisa se ajustar ao modo de pensar da maioria das pessoas para parecer atraente
e bom aos olhos do mundo. Isto o afasta da sua essência e, deste modo,
desconecta-o de si mesmo. Mas ainda permanece uma voz que lhe diz: “volte-se
para dentro, descubra quem você é.”. Nesse espaço aberto, onde não há
julgamento, você pode descobrir quem é: suas partes luminosas e sombrias e tudo
que você já passou – seus sentimentos, emoções e reações.
Amar a si mesmo é admitir esse espaço dentro de você e estar
consigo mesmo, observando o que existe ali. Entretanto, a voz que vem de fora
volta a falar e, geralmente, ela é a voz do medo, que diz: “seja bom, seja
obediente, ajuste-se às normas, não pareça diferente nem estranho aos olhos de
outras pessoas”, e mais uma vez você perde o seu diálogo interno e aquele
espaço aberto. Você se prende em grilhões; você julga de acordo com os padrões
do mundo exterior, da sociedade e, assim fazendo, fere a si próprio. Então,
você é empurrado para frente e para trás, entre os chamados do mundo – que
muito frequentemente são a voz do medo – e os clamores da sua alma, que o
levariam para o seu interior, para a essência de quem você é. E como você pode
lidar com essa batalha, esse cabo de guerra entre interior e exterior, entre a
essência e o que vem de fora?
Ouça a voz do seu coração. Opte por você mesmo, escolha o
caminho que você quer seguir nesta vida. Decida fazer isso com toda a sua
força, incondicionalmente! Mergulhe nas profundezas, onde o amor real
prevalece. Mas saiba esse espaço profundo não tem fundo e pode parecer que você
está dando um salto para dentro do abismo, no vazio. Você não será mais
sustentado pela aprovação, elogios e reconhecimento dos outros; você se manterá
sozinho.
Sinta, por um instante, o imenso espaço no centro do seu
coração, onde não existe nenhum julgamento, e nenhuma imagem idealizada de onde
você deveria estar. A única presença aí é a do Ser, do Ser puro. Você consegue
suportar tamanha liberdade, ou prefere manter-se sob as rédeas das normas e
valores determinados pelos outros? Você consegue dar esse mergulho nas
profundezas? Consegue viver verdadeiramente?
A vida o desafia a dar um salto no desconhecido, e isto é
amedrontador. Entretanto, restringir-se ao caminho estreito do que lhe é
conhecido e não viver plenamente é pior. Assim você se torna escravo dos
impulsos que vêm de fora, perde o seu “eu” e não mais se sente feliz. Você só
pode encontrar a verdadeira satisfação na vida seguindo o curso do seu coração;
seu batimento cardíaco sozinho, que é único no universo, conhece o caminho. Às
vezes, quando você se perde, precisa haver um período sombrio, para trazê-lo de
volta a si mesmo, para ajudá-lo a lembrar-se de quem você é no seu âmago. Todas
as certezas externas caem por terra, enquanto você estiver vivendo de acordo
com padrões e ideais externos; você tem a impressão de que tudo está perdido,
que você caiu num buraco negro e profundo – e isto é uma sensação horrível! É
chamada “A Noite Escura da Alma”… entretanto, é apenas uma passagem. Você está
sendo levado para um Portal, um Portal que se abre para algo além, algo maior, uma
vista que sua visão usual, condicionada pelo medo e ideias antigas, não pode
nem imaginar.
Imagine que você está num túnel escuro. Você não pode sequer
ver as paredes desse túnel e sente-se rodeado pelo nada. Não há nada de errado
com o nada. Ele é a essência; o nada não é nem bom nem mal; é abertura absoluta
sem quaisquer pressuposições ou expectativas com as quais você possa contar.
Entretanto o nada evoca o medo em você, como se ele fosse destruí-lo. O que o
nada realmente destrói são as velhas identidades que você pensava que faziam
parte de si. Mas saiba que o que você realmente é não pode ser destruído, não
pode desaparecer; é eterno e tão ilimitado quanto o espaço no seu coração do
qual falei há pouco. Esse espaço está lá sempre. Imagine que você aceita o nada
e a falta de certezas e, ao mesmo tempo, sente sua força e independência.
Então, você não está mais preso a este mundo; você está livre nas profundezas
do seu ser!
Continue imaginando que você está passando por um túnel
escuro e, de repente, aparece um Portal à sua frente. Observe o que essa imagem
provoca em você… fica com medo do Portal? Ou tem vontade de atravessá-lo? Ele
tem portas pesadas e fechadas ou está totalmente aberto, deixando passar a Luz
que vem do outro lado? Aceite-o apenas; não precisa fazer nada. Imagine agora
que você está diante do Portal e coloque sua mão na frente dele. Permita que a
energia do Portal flua através de você. O Portal é o limiar além do qual se
encontra o novo, aquilo que a sua alma deseja lhe mostrar… quando você estiver
pronto para vê-lo. Ao colocar sua mão no Portal, você se familiariza com o
novo, e com aquilo que deseja fluir para dentro da sua vida… num ritmo que lhe
seja adequado. Observe se pode receber isso – a energia do novo, a energia do
Lar e da sua alma. Permita que ela flua através da sua mão por todo o seu
corpo, de um modo que lhe seja agradável – nem muito pouco nem demais. A
energia flui pela sua cabeça, seus ombros, seu coração; e vai mais fundo, para
seu estômago, sua pélvis, seu cóccix, suas pernas e pés. Se você estiver na
Noite Escura da Alma, perceba que existe algo novo esperando por você além do
Portal, embora ainda não possa ser visto com os olhos que você tem agora. Com
novos olhos, você poderá ver essa realidade do outro lado do Portal. E você
desenvolverá esses novos olhos desapegando-se do seu antigo modo de vida,
quando deixar de se agarrar às certezas e padrões de sobrevivência aos quais se
apegava antes.
Como saberá quando está pronto para abandonar o velho?
Geralmente isso se dá através de sentimentos de descontentamento, raiva,
insatisfação, ou de desespero e desesperança, que indicam que você não quer
mais que as coisas sejam do jeito que têm sido. Você poderá estar pensando “Não
quero mais estar aqui; não quero mais viver na Terra”, mas na verdade, o que
você está dizendo é: “Não quero mais o velho modo de vida, não quero mais as
coisas do jeito que elas têm sido”. Entretanto, pode ser que sua mente, por ser
formada pelo passado, ainda não consiga imaginar que existam outros modos de
ser, e assim A Noite Escura da Alma torna-se desesperada e intensa. Enquanto o
velho se dissolve e o novo ainda não chegou, o fato de você estar no seu limite
e dentro do túnel o força a fazer uma escolha. Ou você continua seguindo a voz
do seu coração e se mantém fiel a si mesmo, ou recua, voltando a dar ouvido ás
vozes do exterior – as do medo, do familiar, do passado. Então eu lhe imploro:
se estiver vivenciando a Noite Escura da Alma na sua vida, fique com ela,
continue indo para dentro de si mesmo e sinta o que existe lá. Se existe medo,
incerteza, tristeza ou desespero, não os julgue; fique com eles, não lhes dê as
costas.
Sua Luz é mais forte do que todas essas emoções, que não são
o ponto final, mas um lugar de parada no caminho. Veja o Portal à distância;
ele já está lá! Conecte-se com a energia do novo, por meio do Portal. E um dia
as portas do Portal se abrirão totalmente – veja isto à sua frente. Talvez seja
demais sentir tudo isto agora, mas observe-o por uns instantes à distância.
Como será quando o Portal se abrir inteiramente e você caminhar através dele? O
que o espera do outro lado? Que sentimentos isso provoca em você? Não precisa
atravessar o Portal ainda; esse momento chegará – tudo chegará no momento
certo. Mas sinta a promessa dele agora; perceba a beleza da Luz que existe lá;
o prazer, a alegria e o conforto de estar lá. Sinta a serenidade da vida lá e
rejubile-se, porque esta estrada por onde você está caminhando agora – esta que
agora parece uma noite escura que aumenta os seus medos – leva-o para lá!
Mantenha essa perspectiva diante dos seus olhos, e seu
caminho se tornará mais fácil. Eu o tomo pelas mãos; sinta a minha presença.
Toda vez que um Portal se abre, isto nos faz felizes e nos sentimos mais
profundamente unidos a todos vocês. Estamos todos conectados uns com os outros,
e cada passo que cada indivíduo dá, leva alguma coisa de todos nós para o Todo.
Maria Madalena
Tradução de Vera Corrêa
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